quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A vida nunca corre como a gente quer. Os dias desfilam iguais numa sequência viciada.
Frases repetem-se. Gestos perpetuam-se.
A rotina silenciosa de uma existência inconformada.
A ânsia de mudar existe, porém falta-lhe a coragem que a transforme em acções.
Há vontade, há desejo, há necessidade, mas todos são prisioneiros de um exército de medos.
E o desalento que persiste...
A solidão que gostaria de vestir-se de afecto. As palavras que se tornariam mais seguras se tivessem um eco. O olhar que se perde na paisagem por não encontrar outros olhos onde descansar...
E a saudade.
Uma saudade diferente.
Saudade de algo que nunca se teve.
Saudade do futuro que podia ser.
Saudade do que não se viveu.

domingo, 16 de setembro de 2007

Portugal é considerado um dos mais tristes e melancólicos países da Europa. Fomos mesmo o povo que moldou uma palavra só sua para representar a dor provocada pela ausência e a distância: a Saudade.
A nossa música canta o destino, o Fado, num tom que mesmo quem ouve e não compreende a língua apelida de triste e magoado.
Desde que me conheço que sinto a tristeza e a melancolia coladas à pele, mesmo nos momentos de maior alegria. Quando estou triste escrevo melhor, as palavras fluem com maior intensidade. É um estado de alma inspirador.
Vejo-a em todos os rostos numa dada altura, muitos a trazem no bolso. Apesar disso, é um sentimento que envergonha as pessoas, por isso o escondem debaixo do tapete e disfarçam com sorrisos e alegria.
Ninguém grita aos ouvidos do mundo que está triste, o que todos dizem ou anseiam um dia poder dizer é “Estou feliz!”, “Sou feliz!”...
De onde vem esta tristeza? Nasce connosco? É transmitida pelos que nos rodeiam? Ou resulta dos altos e baixos próprios da vida? Provavelmente surge da mistura de tudo isto.
A tristeza assoma das mais ínfimas circunstâncias, muitas vezes a nossa alma grita-a sob a forma de lágrimas que nos caem pelo rosto, outras, o sorriso conta-a baixinho e com discrição.
Sim, porque se lágrimas podem ser de tristeza ou alegria, o sorriso pode ter também dois sentidos. No sorriso mais expressivo pode estar contida a mais profunda tristeza.
Porquê proclamar o Amor, a Felicidade ou a Amizade e não a Tristeza, se quando todos vão embora é ela que fica?!


Ó Gente da Minha Terra by Mariza

sábado, 15 de setembro de 2007

Não existem vidas felizes, existem momentos felizes na vida.
A felicidade plena é uma ilusao que muitos perseguem, a felicidade manifesta-se em instantes que se sucedem ao longo da nossa existência. Aqueles que, por vezes, até nos apanham de surpresa. Um gesto, uma música, uma mão, um concerto, uma paisagem, uma palavra, um abraço, a liberdade, um filme, a realização de um desejo, uma conversa, os amigos, uma viagem... Acontecimentos que nos fazem não querer acordar daquele sonho, porque sabemos que quando virarmos costas, no minuto a seguir, ja farão parte do passado e o que deles resta é somente a doce recordacão do que foram.
Não sou feliz. Tenho alguns momentos felizes. Ocasiões que me deixam com um sorriso nos lábios e me fazem querer andar para trás no tempo para revivê-las, ou simplesmente primir "pause" e ficar a contemplá-las...
No entanto, queremos sempre mais e mais, e na ânsia de alcançarmos uma utopia acabamos por esquecer coisas simples que nos fazem sentir tão bem. So vemos o que está mal ou menos bem na nossa vida e vamo-nos afundando nesse desalento.
Mas se olharmos bem para dentro de nós acabamos por encontrar esses tais instantes perfeitos. Podem ser escassos mas tenho a certeza que toda a gente os tem.