sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Little Children

Acabei ontem de ler Little Children, em português Pecados Íntimos, de Tom Perrotta. ADOREI o livro. Uma escrita muito fluída, viciante, apimentada com humor, onde nem se dá pelo tempo passar.
Basicamente conta a história de Sarah, uma feminista, bissexual, não muito atraente, que quase sem saber como dá por si passados alguns anos a viver nos subúrbios de uma pequena cidade, casada e com uma filha de 3 anos, a levar uma vida de doméstica e cujo ponto alto do seu dia se resume a um passeio até ao parque infantil, onde se encontra com outras mães de personalidades que nada têm a ver consigo. Até à altura em que chega o "Rei do Baile".
Todd é um homem de 31 anos, atléctico, bem parecido, casado com uma jovem e bela realizadora, com um filho pequeno. Estudou Direito mas já por duas vezes não conseguiu passar no exame da Ordem, que lhe permitirá exercer. Naquele momento prepara-se para a terceira e que definiu como última tentativa, entretanto optou por ficar em casa e dedicar-se a cuidar do filho.
Pelo meio, surge um exibicionista e suspeito de homicidio, acabado de sair da prisão, que se mudou para a vizinhança para viver com a mãe idosa, e que o ex-policia Larry se encarrega de fazer tudo para o expulsar do bairro.
O final foi o que menos gostei no livro, já que se optou por dar o destino politicamente e socialmente correcto às personagens principais. Contrariando a expectativa que fui criando ao longo da narrativa e mesmo o que o autor foi indiciando que seria o desfecho. É caso para dizer que foi um final surpreendente.
Este livro foi passado a filme em 2006, pela mão de Todd Field, e pelo que me é dado a perceber manteve-se bastante fiel ao livro. Mais um filme que quero muito ver.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Muito mais que uma vida normal. Uma vida extraordinária.


"O dia-a-dia é como se fosse um grande papel da vida."

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A retaliação disto. Ahahahahah


GRANDE FILHO DA P***!!!

Quando há uns dias escrevia este post mal sabia eu que a verdade viria à tona tão cedo! A pessoa que mencionei ficou a saber que afinal tem andado a sair com um homem comprometido há anos com outra (quando afirmava estar sozinho há bastante tempo), com perspectivas de casamento para breve, casa em comum... E a melhor parte: ficou a sabê-lo pela outra! A quem ele confessou tudo. Que como mulher "inteligente" que deve ser aceita as escapadelas do namorado, admite que foi ele quem enganou as duas e ainda garante que vai continuar com ele. Há coisas que me transcendem.
Chego a ter pena da moça, prevê-se que futuro conjugal vá ter...
Quanto ao gajo, não vale o chão que pisa. Lixo. Nunca me inspirou confiança, pelos vistos infelizmente a minha intuição estava certa. Que raiva. Espero não ter o desprazer de me voltar a cruzar com ele durante esta e as próximas encarnações!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

BSO de hoje

Vencedora do Oscár de Melhor Canção, 2008.

Falling Slowly by Glen Hansard e Marketa Irglova, da banda sonora de Once.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Chamem-me o que quiserem mas ainda acredito que existe o tal, a cara metade, pronto, vá lá, confesso, o príncipe encantado. Cresci rodeada de filmes, livros... que me incutiram essa premissa. Desde que me lembro que sou romântica. Tremendamente.
Por isso não me imagino numa relação sem amor, sem magia, sem olhares que falam, sem palavras que beijam, sem um coração a bater desenfreadamente na presença do outro, sem a ânsia de um toque, sem aquele sentimento que dói de tão intenso, sem, sem, sem...
Recuso-me a entrar num relacionamento que não me faça sentir assim. Não quero com isto dizer que seja eterno, mas que enquanto dure seja incondicional. Até posso vir a cair, enganar-me e sofrer, mas naquela altura vou acreditar que estou a viver algo real e palpável.
Se sou exigente? Muito. Se for para me sentir incompleta e infeliz, prefiro definitivamente estar como estou, sozinha e comigo própria por companhia. Companhia essa que muito prezo.
As relações que me rodeiam são na generalidade vazias de sentimento, pautadas pela acomodação, pessoas que estão sozinhas há muito tempo e que por isso se agarram à primeira oportunidade que lhes aparece, seja ela como for, com medo que não surja outra. Entregam-se, dão tudo, mesmo sabendo que aquela pessoa está a anos luz do que elas merecem na realidade. E não conhecem o verdadeiro amor. Vão remendando os vazios sentimentais com linhas falsas e sombrias.
É muito frustrante e revoltante quando alguém que gostamos entra neste ciclo vicioso, por maiores que sejam as evidências do caminho sinuoso por onde se dirige.
Se algum dia me virem sequer a pôr a hipôtese de abrir mão dos meus principios e ideais e enveredar por esta via estão autorizados a bater-me e trancar-me numa cave escura até que tire essa ideia da cabeça!!!

Sweeney Todd

Negro. Sinistro. Envolvente. Lindo na sua obscuridade.
E um Johnny Deep que agora até canta e bem!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

BSO de hoje

Terra dos Sonhos by Jorge Palma

Faltam-me as palavras.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Por mais que façamos ou por mais além que cheguemos, há sempre quem nos veja como lixo.
À minha frente dois caminhos: partir ou a infelicidade.
Não pertenço aqui. É urgente ir à procura da minha tribo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Sic exibiu esta noite a reportagem "Um Nó na Alma", sobre o quotidiano no Colégio Militar. Não me vou alongar sobre o tema, acho que para quem assistiu ficou bastante claro o tipo de práticas ali exercidas.
Quando se questionarem quanto ao que se passa dentro das residências que acolhem crianças de risco provenientes na generalidade de familias desfavorecidas, não se esqueçam de questionar também o que ocorre dentro destes tipos de estabelecimento que acolhem os filhos das elites.
Não serão estas também crianças de risco? Não sofrerão violência? Não serão estes pais negligentes?
Deixo-vos com alguns excertos da Declaração dos Direitos da Criança.

"PRINCÍPIO 2º
A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidade e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses da criança."


"PRINCÍPIO 6º
Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-à, sempre que possível, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, num ambiente de afeto e de segurança moral e material, salvo circunstâncias excepcionais, a criança da tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e aquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas."


"PRINCÍPIO 7º
A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e compulsória pelo menos no grau primário.
Ser-lhe-á propiciada uma educação capaz de promover a sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de iguais oportunidades, desenvolver as suas aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu senso de responsabilidade moral e social, e a tornar-se um membro útil da sociedade.
Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais.
A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito."


"PRINCÍPIO 10º
A criança gozará proteção contra actos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes."

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Girl Power

"Após tantos homens olharem para o meu peito ao invés dos olhos, e me beliscarem o rabo no lugar de me darem a mão, agora tenho o direito divino de olhar para o rabo de um homem com pensamentos vulgares e baratos, sempre que eu quiser."

Fala do filme P.S., I Love You, em exibição.

BSO de hoje

Não encontro expressão mais adequada para esta ocasião que aquela que a léndia viva Marco Paulo imortalizou:

"Eu tenho dois amores
Que em nada são iguais
Mas não tenho a certeza
De qual eu gosto mais."

Read my Mind by The Killers


Ou

Read my Mind, versão de David Fonseca

Bruxos


Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia

Amendoeira, Van Gogh

sábado, 16 de fevereiro de 2008

BSO de hoje

Na noite, há uma canção que se destaca no meio dos ruídos que o autorádio vai despejando.
Foi amor à primeira vista. É portuguesa. Não é à toa que anda a fazer as primeiras partes dos concertos do David Fonseca.

Dream on Girl by Rita Redshoes

Fui

uma estranha numa terra estranha.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Está tudo bem. Estás bem. Porém, continuo a ter medo e a ter pesadelos com isto. Na raiz da incerteza o medo de te perder mas o que mais me inquieta é pensar que podes magoar-te, que te podem partir o coração em mil estilhaços e, mesmo que os colemos um por um, ele nunca mais adquirir a forma original e perder o dom de sonhar.
É impossível adivinharmos o que vai na cabeça de cada um, se aquela pessoa vale a pena que se invista nela ou se não é mais que uma pedra no sapato... Todos merecem o benefício da dúvida. É verdade. Vive, pondera e arrisca se achares que é esse o caminho. Escuta o teu coração mas não renegues o que a cabeça te ensina. Não aceites menos do que aquilo a que tens direito. Não te conformes com nada pela metade. A realização alcança-se com a plenitude.
Só quero que sejas feliz.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

E na fracção de tempo entre abrir uma sms e lê-la passei a sentir-me a pessoa mais egoista do mundo...

BSO de hoje

Numa das minhas divagações pelo YouTube, fui encontrar esta banda. Que descoberta!

Lover I Don't Have to Love by Bright Eyes

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Oficialmente licenciada e já a fazer parte das estatísticas do desemprego.

Que comece a aventura...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

The Piano

Do filme The Piano destaco o tema The Heart Asks the Pleasure First do compositor Michael Nyman. O filme em si não me prendeu. Achei-o chato e arrastado. Contudo, é de realçar a qualidade da banda sonora.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

BSO de hoje

Esta música acompanha-me desde tenra idade. Os anos passam e a letra mantêm-se extremamente actual e verdadeira. Insconcientemente, a frase "Não se ama alguém que não ouve a mesma canção.", acabou por se tornar uma máxima. Talvez por ter dificuldade em levar a sério a teoria de que os opostos de atraem. Os pontos em comum e a partilha de interesses sempre me pareceram vias mais sólidas de chegar ao amor.

A Paixão by Rui Veloso

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Hoje, depois de conhecer este blog, fiquei com vontade de sair por aí a fotografar. Acho que vou começar a alinhar nos desafios da Catarina.


A confirmar-se o cartaz anunciado pela Blitz, Coldplay no Rock in Rio, dia 1 de Junho, é muito aliciante!!!!! A ver vamos as voltas que a minha vida dá até lá... Era a concretização de um sonho!
Ora imaginem lá este som ali no Parque da Belavista. =) Arrepio!

Yellow by Coldplay

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Segundo esta notícia, "Entre as categorias profissionais que registam maior percentagem de episódios de depressão, entre trabalhadores a tempo inteiro, os mais afectados são o pessoal auxiliar de creches ou lares, trabalhadores no sector da restauração e os de acção social.
Para o psicólogo José Morgado, confrontado com os resultados do Departamento de Uso de Substâncias e Serviços de Saúde Mental do Gabinete de Estudos Aplicados dos EUA, existe algo em todas estas categorias profissionais que justifica a taxa de depressão. 'Estamos a falar de profissões sociais, onde o contacto com o outro é um factor comum. Nestas, existe um dado que agrava e potencia situações de maior desequilíbrio, que é o contacto com o sofrimento do outro, como acontece aos profissionais de saúde, assistentes sociais ou a quem faz trabalho comunitário', explica o professor do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), para quem este contacto com o sofrimento do outro 'acaba por produzir um efeito de contágio de mal-estar'.
Teresa de Oliveira, também docente no ISPA, considera que 'são profissões onde o trabalhador tem de expressar emoções, de preferência positivas, na sua interacção com o cliente'. 'Muitas vezes são obrigadas a expressar emoções positivas, porque faz parte das suas funções, quando, no seu íntimo, sentem exactamente o oposto. A isso chama-se dissonância emocional', esclarece."
Agradeço este esforço do Correio da Manhã para me motivar. A sério, veio em boa hora.
Ainda nem comecei a trabalhar e já fiquei a saber que tenho uma profissão que está no Top 10 das Profissões mais Deprimentes! Yeahhhh

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sarah Silverman "I'm F**king Matt Damon" on Jimmy Kimmel

Por demais hilariante!!! LOLOLOLOL

Quando crescer, quero ser criança

VERBO SER

Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 3 de fevereiro de 2008


Pé ante pé, de mansinho, Johnny Deep tem vindo a tornar-se um dos actores que mais admiro actualmente no cinema.
Que me lembre, o primeiro filme que vi com ele foi Edward Scissorhands, há alguns anos atrás, que desde logo me pareceu totalmente diferente do que tinha visto até aí.
Só mais recentemente vi Charlie and the Chocolate Factory. Foi o ponto de partida para querer conhecer mais da fantástica obra de Tim Burton e das interpretações mágicas de Johnny Deep. Sendo que quando o realizador se une ao actor no mesmo filme, sai obra-prima na certa.
Seguiu-se The Corpse Bride, onde Deep só emprestou a voz à uma das personagen principais, já que se trata de um filme de animação. Um filme nada infantil, desenvolvido num ambiente gótico, que agradou sobretudo ao público adulto.
E hoje, acabadinho de ver, está o Finding Neverland. Nele Johnny Deep interpreta uma personagem mais "real", se compararmos com outras da sua filmografia, mas ainda assim original e excêntrica, ou não fosse ele no fundo a representação do Peter Pan. O menino que não queria crescer, ou, neste caso, o homem que mantem viva a criança que tem dentro de si, facto que é condenado e criticado pela sociedade.
Johnny Deep dá uma densidade única a cada interpretação. São inevitavelmente personagens que me inspiram ternura e fascínio. Transmitem-me uma personalidade que, tal como em Finding Neverland, tem uma eterna criança dentro de si, de expressão curiosa e olhar ora doce ora enigmático.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Igualdade de oportunidades?

Tive contacto em primeira mão com estes estudos em contexto de sala de aula, e embora já tivesse a noção de que estes factos realmente acontecem nas escolas portuguesas, foi com surpresa que tomei conta da sua real dimensão e de como são processos de tal forma enraizados e estruturados.
Estes estudos reportam-se apenas a uma amostra de escolas, mas com resultados muito representativos. Não tenho dúvidas que o mesmo sucederá noutros estabelecimentos do país.
Determinadas conclusões a que os investigadores chegaram:
  • Algumas escolas constituem as turmas com base na classe sócioeconómica dos alunos ou no insucesso escolar. Em certas escolas o horário da manhã é ocupado pelas turmas com melhor aproveitamento e comportamento, sobretudo alunos brancos, enquanto que o da tarde é reservado às mais problemáticas, filhos de imigrantes ou individuos com baixa escolaridade e negros. Chega-se ao ponto dos alunos da manhã nem conhecerem colegas das turmas da tarde, dadas as horas diferentes em que estão na escola;
  • As turmas mais problemáticas são entregues preferencialmente a professores mais novos na escola e que provavelmente não ficarão muito tempo, enquanto que as outras são entregues aos professores com mais anos de carreira;
  • Alunos inscritos em escolas com altas taxas de insucesso tentaram inicialmente matricular-se em escolas com altas taxas de sucesso mas não tiveram vagas, sendo preteridos a favor de jovens de classe média ou alta;
  • Uma vez que se dá primazia à continuidade de currículo, e muitas crianças integram a mesma turma desde o pré-escolar até ao 12.º, salvo situações de reprovação ou outras, o seu percurso escolar é atravessado pela segregação.
  • Não serão as circunstâncias que enumerei factores decisivos para o insucesso escolar e a indisciplina?

Estas conclusões por si só são reveladoras que algo de muito grave se passa no nosso sistema educativo. Mas assustadores são depois os comentários que vemos aos estudos no mesmo jornal, onde uma larga maioria das pessoas concorda e defende estas práticas. Não é dificil perceber pelo tipo de discurso que muitos dos que comentam a notícia são encarregados de educação dos alunos privilegiados. Os pais dos outros alunos são capazes de nem tomar conhecimento destes estudos nem têm acesso à internet para virem exprimir a sua opinião... Mas era essa que gostaria de ouvir! Encontram-se também professores a enaltecer esta situação. É enorme a lacuna na formação de professores para a educação multicultural. Estes são claramente discursos discriminatórios e racistas, que se vão reflectir também na diferenciação de tratamento dos alunos dentro da sala de aula.

Neste contexto, promove-se a tão proclamada igualdade de oportunidades?! Se as próprias escolas usam estes meios segregatórios como querem depois desenvolver programas e projectos de cariz inclusivo, combate ao racismo, aceitação étnica? Pessoalmente vejo aqui uma contradição desmedida.

O problema tem raizes muito profundas. É preciso mexer nas bases do ensino, trabalhar a mentalidade destes professores e destes pais. São processos morosos, que levam muitos anos e abrangem várias gerações, mas que urgem ser empreendidos.

Depois ainda há aqueles que condenam e atiram para a fogueira os autores do estudo, aqueles que querem empurrar o sujidade para debaixo do tapete. Não faço ideia se os estudos vieram a público numa altura oportuna para o governo como dizem. Importa é que foram tornados públicos e como estes muitos outros deviam ser, e não ficarem confinados a publicações ciêntificas e a um círculo de pessoas que se interessa. Admiro muito o trabalho dos sociólogos do ISCTE e de outros centros de investigação, e foi sem dúvida com alguns deles que mais aprendi durante o curso e desenvolvi mais o meu sentido crítico da sociedade.

No sábado quando fechaste a porta e te deixei, tive a nítida sensação que naquele preciso instante algo se perdia para sempre entre nós. Talvez perder seja uma palavra demasiado forte. Mas posso te assegurar que pelo menos algo se transformou. Senti um peso brutal na alma e a certeza que ali se tinha encerrado um capitulo da minha vida.
Sentei-me no muro branco e chorei. Lamentei uma perda que nem percebi bem qual era mas que sentia bem real em mim. Ainda a noite nascia e vi-me orfã de ti. Sozinha. Com a solidão a empurrar-me contra aquela pedra fria e a reclamar mais do que nunca que a aceitasse no meu peito.
Ontem uma alegria imensa invadiu-me quando te vi dar um passo de gigante na direcção de algo que tanto desejamos. Como se tivesse tornado um pouco meu o que se passou e roubasse o entusiasmo que vi nos teus olhos um pouco para os meus.
Definitivamente vivemos tempos de mudança. Vamos crescer mais nos meses que se seguem do que em muitos anos anteriores.
Mas sei que comigo hás-de sempre estar, por mais quebras e silêncios que possam vir a existir na nossa relação. Entendo-te como um prolongamento de mim, e nesta continuação do que sou tenho um templo sagrado.